- Feia!
- Burra!
- Esquisita!
Carol ainda parecia ouvir nitidamente as vozes distintas da crueldade humana, que se manifestavam através de doces e inocentes crianças. Ainda estava ali, sentada sozinha no canto do pátio esperando os fantasmas irem embora. Seus pés descalços ainda tocavam o chão gelado enquanto os braços curtos e delicados tentavam desesperadamente proteger-lhe as pernas para que não saíssem correndo em vida própria. Sabia que estava sozinha, mas preferia a companhia dos fantasmas à solidão que a acompanhava diariamente.
- Bom dia, senhora tristeza, que novidade traz hoje na sua belíssima bolsa em formato de lágrima? Sabia que quando não estás por perto, sinto tua falta?
E assim, durante horas a pequena Carol conversava com seus sentimentos, suas únicas companhias no decorrer do dia.
Até que recebeu uma visita inesperada.
- Bom dia, menina de fita cor-de-rosa nos cabelos! Sabia que há um mundo lá fora esperando para ser explorado?
- Ora, não conheço a senhora, mas fique a vontade para fazer-me companhia aqui em meu mundinho imaginário!
- Minha pequena, não nasci para ficar presa ao chão frio de um pátio vazio, minha missão é tirá-la daqui e levá-la a um lugar ainda não conhecido. Você quer?
- Claro que sim, seria ótimo.
Carol segurou na mão da senhora bonita e bondosa e saiu daquele pátio escuro. Entraram em um grande salão iluminado e bem decorado com lindos arranjos de flores. Ali haviam muitas pessoas sorridentes e todas elas pareciam ser gratas a Carol. Todos sorriam para ela, aplaudiam e diziam em coro:
- Linda!
- Inteligente!
- Justa!
Carol olhava a cena radiante. Aos trinta anos, realizava seu grande sonho: Recebia das mãos do reitor seu diploma de bacharel em Direito. Era uma mulher bem sucedida, que encontrava-se apta a lutar contra as injustiças do mundo e todo tipo de maldade.
Olhou para trás e sorriu. Ninguém, além dela, via a linda senhora que lhe segurava a mão. Ninguém, além das duas, via a menina sentada abraçando as pernas. E mais, ninguém sequer ouvia a íntima conversa de Carol com seus sentimentos.
- Não disse, menina? Eu sabia que você conseguiria. Esse é o seu lugar.
E segurando as mãos da senhora entre as suas, Carol agradeceu com brilho nos olhos:
- Obrigada, dona Esperança, por nunca me deixar desistir e sucumbir aos fantasmas da derrota.
Participação do Projeto Bloínquês na categoria Edição Visual
Uau! Elementos psicanalíticos gritantes na forma com que descreveu a situação da menina Carol, Formidável!!!
ResponderExcluirOi Val
ResponderExcluirMaravilhoso! Dessa vez vc se superou! A esperança é a última que morre (kkkkkk). Mas eu tenho um lema, e até coloquei no último post, que nós temos que sonhar, não apenas sonhar, mas ir atrás do sonho, fazê-lo virar realidade, eu me identifiquei com essa menina.
Bjão. e uma ótima semana.
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/
Olá Valquíria!
ResponderExcluirMuito bom seu texto e a verdade nele explicitada em forma quase de fábula! Se tivermos esperança vamos longe mesmo!
Parabens!
1. Eu vim de longe, de tão longe, que somente o teu coração pode alcançar essa distância e este sorriso que o amanhã me pedir para te dar.
ResponderExcluirCompreendo a tua surpresa diante do que eu te digo. Porém, qual surpresa poderá ser melhor do que o vale encantado que eu trouxe para ti?
Sim, bem sei que a tuas saudades são maiores do que o encontro de todas as tuas melhores circunstâncias. Mas a saudade tem isso de sempre ser maior do que temos no presente. Porque toda saudade é incompleta por si mesma.
Porém... Do que te vale mais recordar do que viver? Mais desejar completar a tua saudade do que preencher os teus dias com novas oportunidades?
Tu me dizes que não as têm? Abraço-te com meu carinho e solidarizo-me contigo...
Eu também vim de longe para me encantar com suas lindas e sábias palavras que alcançaram meu coração.
Obrigada grande poeta. Adorei vir aqui e me deslumbrei com as maravilhas de suas inspiração.Tomei a liberdade em postar este comentário em teu blog... Retribuindo desta forma, de uma maneira carinhosa a sua expressiva visita no meu blog, as quais as têm enriquecido com seus mais refinados comentários... Um bom final de semana!
Um grande abraço! E um carinhoso beijo.... HTTP://www.uanderesuascronicas.blogspot.com
convido-a a fzer parte do meu blog
Ola Valquíria,
ResponderExcluirBoa noite!
Excelente post! Todos devemos ter sonhos para um dia, mesmo que após muita luta, torna-los realidade.
Abraços, Flávio.
--> Blog Telinha Critica <--
Oi Valquíria: obrigada pelo comentário sobre o Pedrinho! E Amém! Ele é lindo mesmo, né...é uma benção de Deus! Que Deus a abençoe também, em todas as áreas de sua vida! Um grande beijo, com carinho...Adelisa.
ResponderExcluirp.s.: estou respondendo por aqui, pois não sei se vc receberá a resposta se postar no meu blog...
Linda história!
ResponderExcluirA esperança é o que move as pessoas!
Obrigada a todos pelo carinho e consideração comigo e meu blog.
ResponderExcluirVocês já moram em meu coração, meu amigos!
Muito lindo. Gostei da imagem que você fez da tristeza, e achei genial a história completa, sem tirar nem por. Eu acho que merece um primeiro lugar no BLQ, vamos ver haha
ResponderExcluirSem palavras para esse texto, sério mesmo *0*
beeijos
recantodalara.blogspot.com
Val, seu texto foi muito legal, sinceramente não consegui pensar em nada legal quando vi essa imagem no bloínquês e você conseguiu criar uma história bem bacana, parabéns.
ResponderExcluirAs crianças são mesmo maldosas... e a esperança às vezes é boa (às vezes acho que ela deveria ter ficado presa na caixa de Pandora).
Val, eu achei que sua história merecia a primeira colocação no Bloinquês, conto muito bem escrito.
ResponderExcluirRelatou o bullying, desmascarou o que muitos acreditam não haver maldade nas crianças, onde é praticamente escancarada, contudo, mostrou que também há formas de superação.
Meus muito parabéns pelo texto!