O apartamento no segundo andar era
pequeno, mas ficaria confortável e aconchegante tudo estivesse do meu jeito.
- Podemos fechar o negócio. –
Concordei sorrindo.
A decisão foi tomada depois de
visitar a sacada e verificar a paisagem inspiradora. Aquele quintal era tudo que eu precisava, e
embora não fosse meu e sim da casa vizinha, a varanda era ideal para desfrutar
da linda vista que ele proporcionava.
Terminei de descarregar a mudança
no dia seguinte às duas da tarde e o apartamento estava um caos, mas não me
importei com isso e nem com o fato de não ter almoçado. Acomodei-me no puff
estrategicamente colocado na sacada e, com uma taça de vinho em mãos, pus-me a
observar a casinha da árvore logo à minha frente, imaginando a variedade de
histórias que poderiam se passar naquele cenário. Imediatamente peguei o
notebook e comecei a digitar.
Quando dei por mim, já se passavam
duas semanas de minha mudança. A organização do apartamento ainda não estava
nem pela metade, mas meu romance já estava bastante adiantado e os personagens
já haviam ganhado vida na casa da árvore. Eu passava a tarde inteira e muitas
vezes até a madrugada em meus devaneios e escritos, e foi numa dessas tardes
ensolaradas que eu o ouvi.
- Gostando da vista?
A voz masculina me chamou a
atenção. Vinha da janela da casa da árvore e pertencia ao homem mais lindo que
já vi na vida, ainda mais interessante que o personagem perfeito de meu
romance.
Debrucei-me sobre a grade de proteção
da sacada, imitando o gesto de meu protagonista e devolvi-lhe o sorriso
provocante.
- Sim, gostando bastante. É uma
casinha bem simpática.
- É uma espécie de refúgio, onde
busco inspiração e sossego. Gostaria de conhecer?
A ideia me encantou ainda mais do
que aquele rosto másculo. E sinceramente grata pelo convite, aceitei.
Por dentro, a casa da árvore era
ainda mais fofa e romântica do que em minha estória – Talvez por estar
impregnada pelo perfume sensualmente amadeirado de seu dono. Na entrada, um
tapete estreito e comprido seguia até o tronco da árvore que, no meio da casa,
sustentava uma bancada decorada com bonsais e outras miniaturas e que segurava uma
cafeteira, xícaras e algumas frutas. À esquerda, uma mesinha baixa com muitas
almofadas em volta e um violão encostado um pouco mais a diante. No outro
canto, o puff ao lado da janela era bem maior que o meu e, para minha surpresa,
um notebook completava a paisagem.
Curiosa, caminhei até a janela e
aproveitei para dar uma espiada na tela do computador. Era um romance, e meu
coração começou a bater ainda mais forte quando li o título: A sacada do
apartamento. Confusa, alternei meu olhar entre minha varanda logo à frente –
pela janela – o computador e seu dono, que se aproximava de mim.
- Sabia que eu te vi pela primeira
vez naquela sacada no dia que você foi olhar o apartamento?
Balancei a cabeça negativamente,
sem o menor pudor de disfarçar minha surpresa.
- E desde então tenho observado
você todas as tardes e noites naquela sacada, ora com o olhar perdido em minha
casa da árvore, ora digitando freneticamente em seu notebook, ou ainda tomando
uma taça de vinho descompromissadamente.
- Então, quer dizer que você também
é escritor. – Disse eu, apontando com a cabeça o computador. Ele sorriu e, segurando
minha mão, induziu-me delicadamente a sentar-se ao seu lado.
- Gostaria de ler?
- Eu posso? – Perguntei ainda
incrédula. É claro que eu queria!
O texto contava a estória de uma
jovem que recebera uma vez a visita de um amante misterioso, que lhe proporcionara
o maior prazer de toda sua vida e lhe despertara o mais nobre de todos os
sentimentos, fugindo logo após pela sacada do apartamento. Desde então, todas
as noites ela ficava naquela sacada à sua espera, usando os cabelos pretos
soltos e uma mini-camisola branca.
Fiquei admirada com toda aquela
situação. Olhei em direção à minha varanda e me visualizei vestindo a camisola
que a estória descrevia.
- Você tem sido minha inspiração
todos esses dias.
Prendi a respiração por alguns
segundos, perdida na sinceridade daquele olhar.
- E você, de certa forma, tem sido
a minha. Acredita em tamanha coincidência? Que essa paisagem foi o verdadeiro
motivo de eu me mudar para aquele apartamento?
- Acredito que o universo conspirou
para esse momento. Porque um dia antes de eu te ver pela primeira vez naquela
sacada, meus irmãos se reuniram e decidiram que a casa da árvore seria
destruída para a ampliação da casa. Mas, por algum motivo que eu não sabia
qual, mas agora sei, eu me opus à sua derrubada e passei a usá-la como refúgio
diário.
As palavras dele me causavam
arrepios, seu olhar me fraquejava as pernas e por fim, seu beijo me tirava
qualquer resquício de fôlego. E finalmente, lá estávamos nós, escrevendo nosso
romance a quatro mãos: A sacada do apartamento unida à minha tão sonhada casa
da árvore.
UAU!!!Que coisa mais linda, romantismo, beleza nesse conto!ADOREI!!! Bela inspiração! beijos,chica
ResponderExcluirGente mas que conto fofo! Eu só tenho escrito dramas que terminam mal kkkkkkkk. vocẽ deve estar passando por um bom momento. Um grande beijo!
ResponderExcluirOi Val! desculpe o link errado que te mandei pelo facebook. minha internet tá pra lá de lenta e acabei colando um link no nosso cahta q eu queria colocar numa página do face. A proposta tá na menina das ideias mesmo. desculpe mesmo kkkkk tá uma lambança essa minha internet.
ResponderExcluirAdorei o conto! Um romance muito bem dosado, que nos faz pensar em um cenário maravilhoso e, definitivamente, inspirador. Continue escrevendo, e eu continuarei lendo.
ResponderExcluirAdorei o conto! Um romance na medida certa, com cenário verdadeiramente inspirador. Continue escrevendo e eu continuarei lendo.
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